Parabólico - poema de Tarso Correa
Lá de cima do morro,
Vejo antenas parabólicas,
Com suas bocas abertas a pedir socorro;
Vejo caixas d'água azuis,
Pintando os telhados de amianto,
Como gotas de lágrimas de um longo pranto;
Vejo postes com emaranhados de fios,
Ninhos de resiliência,
Das vidas de seus filhos degredados;
Vejo pipas multicores,
Salpicando o céu,
Formando um arco-iris desarranjado,
De quadradinhos de flores;
Vejo escadas, becos e vielas;
Vejo a cidade ao longe abraçada pela favela;
Vejo o sobe e desce deste povo trabalhador,
Que desce banhado pela madrugada,
E sobe acalentado pela noite,
Tecendo seus sonhos,
Neste bordado da vida,
Com as linhas da esperança,
E a ingenuidade da criança.
Blog sobre poesias. Poesias que gritam as mazelas humanas e seus encantos; suas perdas e microcefalias sociais, em que somos atores das nossas frustrações, buscando a receita da felicidade.
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
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