Realidade nua - poema de Tarso Correa
A bala perdida,
Com endereço certo,
No peito do favelado;
Perdida são as oportunidades,
A falta do estado,
Oportunidade única, o caminho incerto,
Da corrente de ouro no pescoço,
Na cintura arma de calibre grosso;
Encontro entre duas certezas, caixão ou prisão.
É a falta do básico, saúde, educação e muito mais;
É o esgoto a levar a esperança morro abaixo,
Nesta sociedade que não me encaixo.
Sou preto forro,
Com correntes nos punhos.
É porrete no lombo,
Para cada sonho sonhado, neste grande quilombo.
É bala perdida,
Com endereço certo,
Dos falsos testemunhos;
Aqui tem trabalhador, estudante e sonhador,
Tem samba, funk e som de toda cor,
Resistência nos guetos;
Nas tranças, trançamos correntes,
Crentes num mundo igual,
Resistentes, amarramos nossa dor,
Neste estelionato social.
Somos mulatos, brancos e pretos,
Carregando nos abraços as engrenagens da cidade;
Sou preto forro com correntes nos pés;
Sou do morro, das vilas e favelas, aglomerados e muito mais.
São retratos das diferenças sociais,
Somos mananciais, máquinas e chão de fábrica,
Que expele a força de tantos Brasis;
Somos todos pretos cafuzos;
Reclusos no preconceito social;
Somos Prado Lopes, Paraisópolis, Aglomerado da Serra,
Morro do Papagaio,
Somos Casa Amarela, Ceilândia, Cidade de Deus,
Nova Jurunas e tantos mais.
Somos muitos e esquecidos, largados e poucas vezes lembrados,
Nas manchetes dos jornais;
Somente pela violência, pela dor;
Apaga se tudo , com filho enterrado, lamentado.
Resta somente a resistência, resiliência,
Destes pretos forros com as correntes dos seus ancestrais.
Blog sobre poesias. Poesias que gritam as mazelas humanas e seus encantos; suas perdas e microcefalias sociais, em que somos atores das nossas frustrações, buscando a receita da felicidade.
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domingo, 26 de abril de 2020
terça-feira, 7 de abril de 2020
TALHANDO VERDADES
Talhando verdades - Tarso Correa
Meu quintal é o mundo,
Mas colocaram muros;
A minha terra deixou de ser maternal,
E imperou a razão.
Fomos rotulados, etiquetados,
Colocados em prateleiras,
Empurrados para a soleira das portas da sociedade,
Neste mundo de improbridade
Tudo tornou se comum.
Então, a terra parou;
E neste momento profundo,
Misturo me nesta solidão,
No sal da vida.
No pensamento de todos.
Reconfiguro me nas nossas fé;
Somos Cristo, Brahma, Alá, somos tantos outros,
Somos vários;
Somos dispersos,
Somos controversos, uma apóstrofe;
Dignitarios a sair do lodo,
A buscar um caminho nas várias verdades,
Banhando na diversidade.
Meu quintal é o mundo,
Mas colocaram muros;
A minha terra deixou de ser maternal,
E imperou a razão.
Fomos rotulados, etiquetados,
Colocados em prateleiras,
Empurrados para a soleira das portas da sociedade,
Neste mundo de improbridade
Tudo tornou se comum.
Então, a terra parou;
E neste momento profundo,
Misturo me nesta solidão,
No sal da vida.
No pensamento de todos.
Reconfiguro me nas nossas fé;
Somos Cristo, Brahma, Alá, somos tantos outros,
Somos vários;
Somos dispersos,
Somos controversos, uma apóstrofe;
Dignitarios a sair do lodo,
A buscar um caminho nas várias verdades,
Banhando na diversidade.
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